Se me procuras no olhar de uma criança, no sorriso de um idoso, na inocência de um animal, na simplicidade da natureza, no gesto de doação, na benevolência do perdão, nas páginas de um livro, na letra de uma música, no roteiro de um filme, nas poesias, nos textos de escritores que admiro, nos meus estudos, nas minhas pesquisas, nos meus desabafos, nas mal traçadas linhas que insisto em escrever... é ai que me encontras e é o que encontrarás por aqui, pois me encontro no que acredito...
Enquanto eu tiver perguntas e não houver respostas... continuarei a escrever (Clarice Lispector)

sábado, 14 de maio de 2011

Fibromialgia, quem tem sabe o quanto dói

A discriminação, o julgamento e a descrença em torno dos pacientes com fibromialgia é algo que não se deve buscar justificativa, é inaceitável e injusto, afinal, não é porque eu vejo uma pessoa aparentemente bem que devo desconfiar de suas queixas, o que seria do mundo se todos que tem dores se entregassem a elas?
O que não consigo ainda acreditar é que exista tanta descrença em torno de uma doença que aflige cerca de 4 milhões de pessoas, será se 4 milhões de pessoas mentem quando dizem sentirem dores diárias e constantes??
Porque antes de duvidar, não fazer uma análise de como era a pessoa antes de passar a se queixar de tantas dores, pois, geralmente eram os melhores no trabalho, eram os amigos mais dedicados, os mais prestativos, adoravam sair, passear, ir a festas, já pararam pra se perguntar, antes de questionarem ou duvidarem, porque tudo isso mudou?
A dor não é visível, não tem cor, não tem aparência, nem escolhe vitimas, ela simplesmente existe e é traiçoeira, pois, não é detectável em exames.
Além de terem que conviver com os terríveis sintomas da doença, dores, fadiga, noites mal dormida e tantas outras, ainda encontram os que duvidam e são preconceituosas, e esses não estão muito longe, muitas vezes moram debaixo do próprio teto, são filhos, irmãos, maridos, esposas, pais e quando não se conta com familiares e amigos, eles crescem na esperança de uma ajuda profissional que mostre um caminho, que lhes dê soluções, ai na maioria dos casos eles se deparam com médicos desinformados, que desconhecem a doença e que passa também a duvidá-los, e isso é um passo pra temível e também sintoma da doença, a depressão.
Como já disse a doença não é identificável com exames. O diagnóstico é sempre clínico. O médico faz um exame físico no paciente. Há 18 pontos doloridos no corpo dos fibromiálgicos, os chamados Tender Points, como o músculo trapézio, nos ombros; dos dois lados do pescoço; dos glúteos; na região das juntas dos braços e das pernas, entre outros. Dores em 11 pontos são indicados como fibromialgia.
Até para ser um fibromiálgico é preciso ter sorte, sorte de contar com familiares e amigos que entendam, não duvidem, não descriminem e acima de tudo que compreendam suas limitações e suas recusas, além da sorte de serem atendidos por profissionais de saúde que conheçam a doença, que seja informados e dedicados a buscar sempre soluções paliativas para o problema, já que a doença não tem cura.
Eu posso não ver a dor, mas sei quando a sinto, e assim acontece com pacientes com fibromialgia, aqueles que desconfiam e descriminam podem não ver, mas os pacientes sabem o que sentem, pois se insistem em denominar como uma doença invisível, eles vão sempre insistir e com razão, em afirmar que a dor é real.
Ainda acredito que a maneira mais fácil de entender o que o outro sente, é colocar-se no lugar dele, e imaginar-se sofrendo as mesmas dores, tendo as mesmas limitações, tendo que depender de terceiros pra muitas coisas, se vendo isolado por não poder participar de muitos programas com os “amigos”, então, porque não fazer o exame de consciência antes de julgar, de discriminar, se afastar, ponha-se no lugar, imagine-se passando o que ele passa, nem sempre a grama do vizinho é a mais verde.

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