Se me procuras no olhar de uma criança, no sorriso de um idoso, na inocência de um animal, na simplicidade da natureza, no gesto de doação, na benevolência do perdão, nas páginas de um livro, na letra de uma música, no roteiro de um filme, nas poesias, nos textos de escritores que admiro, nos meus estudos, nas minhas pesquisas, nos meus desabafos, nas mal traçadas linhas que insisto em escrever... é ai que me encontras e é o que encontrarás por aqui, pois me encontro no que acredito...
Enquanto eu tiver perguntas e não houver respostas... continuarei a escrever (Clarice Lispector)

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Dia do Amigo?

"Dizem que amigos verdadeiros podem passar longos períodos sem se falar e jamais questionar essa amizade."

Amizade, uma das relações humanas que mais prezo, mas com algumas coisas não concordo e uma delas é a necessidade de existir um dia do amigo, é como se só nesse dia houvesse a necessidade de dizer aos amigos o quanto os amo, o quanto são importante... amigo pra mim é amigo os 365 dias do ano... Muito embora não concorde com a data, deixo a vocês uma história que não sei se é verídica, mas relata a verdadeira essência de uma amizade.




Passava do meio-dia e o cheiro de pão oriundo da  padaria invadia uma rua da periferia. Ricardinho não agüentou o cheiro e falou: "Pai, tô com fome”. O genitor, seu Agenor, sem ter um tostão no bolso,  olha com os olhos marejados para o filho e pede mais um pouco de paciência. O filho retruca: "Mas pai, desde ontem não comemos nada, eu tô com muita fome!".
Envergonhado, triste e humilhado , seu Agenor pede para o filho aguardar na calçada, enquanto entra na padaria com muita vergonha. Dirige-se a um senhor no balcão: "Bom dia, estou com meu filho de apenas 6 anos aí na porta com fome, não tenho dinheiro, pois saí cedo para buscar um emprego e nada encontrei.  Eu lhe peço que, em nome de Jesus, me forneça um pão para que  eu possa matar a fome desse menino. Em troca, posso varrer o chão de seu  estabelecimento, lavar os pratos e copos, ou outro serviço que o Senhor  precisar".
Seu Amaro, o dono da Padaria,  pede para que ele chame o filho e manda servir dois pratos de comida com arroz, feijão, bife e ovo. Para Ricardinho, era um sonho comer após tantas horas na rua. Grossas lágrimas desciam dos seus olhos já na primeira garfada. Agenor enxuga as lágrimas e começa a almoçar, já que sua fome estava nas costas. Após a refeição, Amaro convida  Agenor para uma conversa. Agenor conta, que há mais de 2 anos havia perdido o emprego e desde então, sem uma especialidade profissional, sem estudos, estava vivendo de pequenos "biscates" aqui e acolá, mas que há 3 meses não ganhava nada. O dono da panificadora resolve contratar o homem para serviços gerais na padaria e penalizado, faz para o novo contratado uma cesta básica com alimentos para pelo menos 15 dias.
Agenor, com lágrimas nos olhos, agradece a confiança daquele e marca para o dia seguinte seu início no trabalho. Ao chegar a casa com toda aquela "fartura", o genitor era um novo homem. Sentia esperança e acreditava que sua vida iria tomar um rumo melhor.
No dia seguinte, às 5h da manhã, Agenor estava na porta da padaria, ansioso para iniciar seu novo trabalho. O Sr. Amaro chega logo em seguida e sorri para aquele homem, que nem ele sabia porque estava ajudando. Tinham a mesma idade, 32 anos, e histórias bem diferentes, mas algo dentro dele chamava-o para ajudar aquela pessoa. E ele não se enganou. Durante um ano, Agenor foi o mais dedicado trabalhador daquele estabelecimento, sempre honesto e extremamente zeloso com seus deveres.
Um dia, Amaro comenta com o empregado que a escola do bairro abrira vagas para a alfabetização de adultos e que ele fazia questão que Agenor fosse estudar. Agenor até hoje não consegue esquecer o primeiro dia de aula, a mão trêmula nas primeiras letras e a emoção da primeira carta. Doze anos  se passaram desde aquele primeiro dia no colégio. Agenor deixou a Padaria do amigo para se tornar o Dr. Agenor Baptista de Medeiros, advogado, abrindo seu escritório próximo à padaria que resgatou sua dignidade.
Ao meio dia, ele desce para um café na panificadora do amigo Amaro, que fica impressionado em ver o antigo funcionário, tão elegante em seu primeiro terno.
Mais dez anos se passam e, agora, o Dr. Agenor, já conta com uma clientela que mistura os mais necessitados, que não podem pagar e os mais abastados, que o pagam muito bem. Resolve criar uma Instituição que oferece aos desvalidos da sorte, que andam pelas ruas, pessoas desempregadas e carentes de todos os tipos, um prato de comida, na hora do almoço. Mais de 200 refeições são servidas diariamente naquele lugar, que é administrado por seu filho, que agora é o nutricionista Ricardo Baptista.
Tudo mudou tudo passou, mas a amizade daqueles dois homens, Amaro e Agenor, impressionava a todos que conheciam um pouco da história deles. A noticia é que, aos 82 anos, os dois faleceram no mesmo dia, quase que na  mesma hora, morrendo placidamente com um sorriso de dever cumprido. No bairro há comentários que Jesus Cristo veio recebê-los com um coro de mil anjos entoando uma música que falava da vitória dos que sabem persistir e repartir. Ricardinho, o filho, mandou gravar uma placa na frente da "Casa do Caminho", que seu pai fundou com tanto carinho: "Um dia, eu tive fome e você me alimentou. Um dia, eu estava sem esperanças e você me deu um caminho. Um dia, acordei sozinho e você me deu forcas e isso, não tem preço. Que Deus habite em seu coração alimente sua alma e te sobre o pão da misericórdia, para estender a quem precisar".

Um comentário:

Anna Alyne Cunha disse...

Eu acredito nisso. Acredito que a amizade sincera e verdadeira é capaz de superar a distância, a falta e a saudade. É assim, pelo menos, que é a nossa. Que neste DIA DO AMIGO nossos votos de amizade e amor eternos sejam renovados!
Beijos e TE AMO minha AMIGA!